Cientistas do IFSC (USP) buscam novo medicamento para combater a malária.



No Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP, uma pesquisa busca novo medicamento contra a malária a partir do controle da produção de proteínas essenciais para a sobrevivência do parasita causador da doença. O estudo do professor Rafael Victório Carvalho Guido, em parceria com outros pesquisadores da USP, se encontra em fase de pesquisa básica. Ele está inserido no projeto do Instituto Nacional de Biotecnologia e Química Medicinal em Doenças Infecciosas (INBEQMeDI). O parasita Plasmodium, causador da malária, necessita de aminoácidos para viver, e esses aminoácidos são encontrados na hemoglobina, molécula do nosso corpo responsável pelo transporte de oxigênio. No entanto, para conseguir os aminoácidos, o parasita precisa, primeiro, digerir a hemoglobina e, quando isso acontece, a hemoglobina libera não só aminoácidos, mas também a molécula Heme, que é tóxica ao parasita, em altas concentrações.


Ao longo de sua evolução, porém, o parasita desenvolveu estratégias biológicas em que ele consegue reduzir a quantidade de Heme produzida, uma delas, é por intermédio da proteína Heme oxigenase (HO) que é muito importante para a sua sobrevivência. A pesquisa pretende inibir essa via que reduz a quantidade de Heme. A inibição da HO manteria elevada a concentração de Heme em níveis suficientemente tóxicos para eliminar o parasita.

No momento, o estudo de Guido encontra-se na fase de pesquisa básica, que inclui a descoberta do princípio ativo, que leva entre 5 e 7 anos. Até chegar-se a comercialização do medicamento final, é necessário um período maior, chagando a um total de 15 a 20 anos. “É preciso, primeiramente, conhecer o ‘inimigo’, descobrir seus pontos fracos para, posteriormente, atacá-lo”, explica. Para tanto, isola-se o gene que codifica a HO do Plasmodium para, posteriormente, colocá-lo em um bactéria, ou seja, em outro organismo.

Inibição:

A bactéria é capaz de produzir grandes quantidades da HO para que possamos estudá-la. Por fim, extraímos essa proteína da bactéria e isolamos para tê-la com alta pureza. “Conhecendo-se a estrutura 3D do alvo poderemos planejar pequenas moléculas que se encaixem no sítio ativo da HO e assim inibir a sua função bioquímica”, esclarece Guido.

De acordo com o professor, em 2010 o grupo de pesquisa conseguiu uma produção significativa de proteína e substância para trabalhar e desenvolver os estudos estruturais e de química medicinal. “Embora o objetivo final ainda esteja distante, ou seja, desenvolver um fármaco para o tratamento da malária, os avanços já conseguidos são bastante animadores”, conclui.

A malária é uma doença causada por parasitas do gênero Plasmodium. Esse parasita necessita do nosso corpo para sobreviver e entra no organismo pela picada de mosquitos do gênero Anopheles, popularmente conhecidos como muriçoca, sovela, mosquito-prego ou bicuda.

Uma das estratégias atuais para o desenvolvimento de fármacos é saber como e onde o parasita funciona. “Procuramos alvos, ou seja, proteínas específicas, que são essenciais para a sua sobrevivência. Uma vez identificados esses alvos procuramos desenvolver pequenas moléculas que se ligam a ele alterando a sua função natural”, explica o professor.

“Estamos tentando identificar esses alvos e desenvolver essas pequenas moléculas para que elas se liguem com alta eficiência nos alvos para que, dessa forma, o parasita não sobreviva no nosso organismo.”

Assessoria de Comunicação
IFSC-USP

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