Em pequenas doses, a radiação ajuda a diagnosticar e tratar doenças. Em grandes quantidades, ela pode alterar o sistema biológico e até matar
Marco Túlio Pires
O raio-x é um tipo de radiação utilizado pela medicina para ajudar no diagnóstico de doenças (Thinkstock Images)
O risco de contaminação por radiação é proporcional à quantidade de energia que atinge o corpo
Uma dose altíssima de radiação instantânea pode causar a falência do sistema imunológico, enquanto a mesma quantidade distribuída em várias ocasiões tem efeito menos danoso
Uma dose altíssima de radiação instantânea pode causar a falência do sistema imunológico, enquanto a mesma quantidade distribuída em várias ocasiões tem efeito menos danoso
Chamada ionizante, a radiação emitida pelo combustível das usinas nucleares (em geral urânio ou plutônio) tem a propriedade de alterar a carga elétrica dos elementos das células humanas. A extensão dos danos à saúde depende da dose e do tempo de exposição e até da região do corpo atingida. Os pulsos, por exemplo, são mais resistentes à radiação. A medula óssea, ao contrário, é o órgão mais sensível.
Na literatura médica, o câncer é um dos problemas mais associados à radiação. Isso porque a radioatividade pode alterar o 'relógio biológico' das células, fazendo com que cresçam desordenadamente, formando tumores. Os tumores induzidos pela radiação não aparecem antes de 10 anos a contar das doses recebidas. Em caso de leucemia, o intervalo cai para dois anos. Esse período entre a exposição e o aparecimento do câncer é chamado 'período latente'.
Os médicos não têm dados precisos para determinar o risco de câncer associado a uma dada exposição à radiação. Mas existem estimativas. Sabe-se que baixas dosagens não estão relacionadas ao câncer, daí por que são normalmente seguros exames médicos como tomografia, raio-X e mamografia, segundo a Health Physics Society (HPS), uma organização americana especializada nos efeitos da radiação no corpo humano. Mas a partir de uma certa dosagem, a associação entre radiação e câncer aparece.
De acordo com estimativa da Sociedade Americana do Câncer, em um grupo de 100 pessoas, 42 irão desenvolver câncer. Se o grupo for exposto a uma dose acumulada de 10 milisieverts (entenda o que é o Sievert), durante uma tomografia computadorizada, por exemplo, as mesmas 42 desenvolverão a doença. Mas, para uma dose acumulada de 50 milisieverts, 43 pessoas teriam câncer. A partir deste patamar, o risco aumenta 0,17% a cada 10 milisieverts de radiação.
O que é radiação ionizante?
Radiação significa a propagação de qualquer tipo de energia, como o calor e a luz. Normalmente, o termo ‘radiação’ se refere a um tipo que faz mal para os organismos biológicos, chamado radiação ionizante. Assim como a luz, é uma radiação eletromagnética, só que está além do espectro visível, acima da região ultravioleta. Durante a fissão nuclear ela é um dos tipos de radiação emitidos, além do calor. A radiação ionizante é capaz de alterar o número de cargas de um átomo, mudando a forma como ele interage com o meio. Ela pode causar queimaduras na pele e, dentro do corpo, dependendo da quantidade e intensidade da dose, pode causar danos irreversíveis às células e causar mutações genéticas.
(símbolo: Sv)
Sievert (Sv) é uma unidade para medir os efeitos biológicos da radiação - os efeitos físicos são mensurados por outra unidade, chamada gray (Gy). A dose de radiação no tecido humano, em Sv, é encontrada pela multiplicação da dose medida em gray por outros fatores que dependem do tipo de radiação, parte do corpo atingida, tempo, intensidade de exposição e outros fatores.
De acordo com Malzyner, o primeiro sintoma causado pelo envenenamento por radiação é a náusea. “É o efeito clínico mais comum”, diz Malzyner. Se a dose aumentar, a radiação começa a atingir outros tecidos humanos, em particular a medula óssea, responsável pela formação das células sanguíneas. “Em 30 dias a pessoa se torna anêmica e incapaz de se defender contra doenças”, diz o oncologista.
Fonte:
http://veja.abril.com.br/noticia/saude/os-efeitos-da-radioatividade-no-corpo-humano
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